Gurgel BR 800/Supermini: O Popular da Gurgel que inaugurou motor próprio da marca.

O BR 800/SUPERMINI TINHA IDÉIAS INTERESSANTES, MAS FOI VÍTIMA A LEI DOS 1.NADA E DA LIBERAÇÃO DAS IMPORTAÇÕES.
Como você sabe existiram varias marcas brasileiras, a Brasinca(se bem que essa depois começou a fazer carro para os outros), Puma, Miura, Hoffsteter.... só que a maior delas foi a Gurgel chegando ao quinto lugar em vendas, isso graças ao sucesso do jipe X12 que usava base do Fusca e o motor Volkswagen Boxer 1600 refrigerado á ar que gerava 11.2KGFMa2600RPM e 51CVa4600RPM e lógico a Gurgel começava a passos maiores o Carajás já usava monobloco próprio, ainda que usava os motores Volkswagen ambos chamados de EA 827 na Alemanha, que aqui no Brasil ficaram conhecidos como MD/AP, no caso o AP 1800 á gasolina que gerava 14.2KGFMa3000RPM e 90CVa5200RPM e o 1.6 á diesel que a Kombi já não usava mais com 9.5KGFMa3000RPM e 50CVa4500RPM.
O X12 que usava o motor Volkswagen Boxer 1600 de 51CV.
           O Carajás usava o motor 1.8 á gasolina de 90CV e o 1.6 á diesel de 50CV.
Lembrando que a Gurgel já não vendia mais carro á álcool, mas surgiu os problemas com a Volkswagen por que sucesso do X12 no caribe foi tão grande que enterrou a produção mexicana do Volkswagen 181 "The Thing", na boa convenhamos o X12 era bem mais bonito que ele, não que seja expoente em beleza, longe disso, até o Gurgel mais bonito não era aquelas coisas...( Carajás), mas o próprio Gurgel não queria ficar dependente da Volkswagen e partiu para o projeto CENA( Carro econômico nacional), mas a família do Ayrton Senna não gostou e mudou para o projeto 280-M que foi mostrado no desfile de sete de setembro de 1987 e para viabilizar isso, além de conseguir o IPI especial de 5% aí as quatro grandes chiaram com isso, ele resolveu vender ações para o público com as vendas das ações conseguiu viabilizar a fabricação do modelo.
    Em outubro de 1988 no Salão do Automóvel ele era uma das estrelas daquele Salão ao lado do Gol GTi, ele media 3.19metros de comprimento, 1.46metros de altura e largura e apenas 1.90metros de entre - eixos, ou seja as dimensões eram enxutas, o nome escolhido foi BR-800, o BR de "Brasil" e 800 de cilindrada, o câmbio é manual de quatro marchas e a tração é traseira, o motor ao contrário do X12 era instalado na dianteira e inaugura um motor de projeto próprio é o Gurgel Enertron Boxer de dois cilindros, com refrigeração á água, o seu diâmetro é de 85.5mm e o curso é de 69mm o que totalizavam 798cm3, com bloco e cabeçote de alumínio, comando de válvulas no bloco acionado por varetas, dotado de carburador de corpo simples, a sua taxa de compressão é de 8,5:1 e á gasolina , ele não tinha nem um tipo de correia e além do mais, um computador fazia o trabalho da ignição e com isso gerava 5.8KGFMa2800RPM e 32CVa4500RPM e antes que você ache que é um motor de Fusca dividido ao meio, já vou lhe adiantando que não: por o bloco do Fusca é ferro e o motor do Fusca é refrigerado á ar, a sua suspensão na dianteira era Independente por braços arrastados com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos e na traseira era dependente tipo eixo rígido com feixe de molas e amortecedores hidráulicos e os freios eram disco sólido na dianteira e tambor na traseira e a direção é do tipo pinhão e cremalheira e ele era construído sob chassi tubular e fibra de vidro.

                                     O BR 800 chegava ao mercado com motor 0.8 de 32CV.
Se você aqui não leu "nada.8" é que 0 á frente do ponto ele é importante e atrás não, e o modelo da Gurgel começou a fazer sucesso com fila de esperas pelo modelo e até ágio para o modelo e aliás o câmbio manual de quatro marchas era parecido com o Chevette, o que foi a fonte de inspiração e em dezembro de 1988 ele foi testado: 0a100KM/H em eternos 43.5segundos, chegou a 108KM/H(dá para andar com ele no limite sem tomar multa), o consumo urbano de 11.5KM/L e o rodoviário vazio foi de 18.6KM/L e carregado foi de 16.5KM/L,  bom pode não impressionar, mas para época, até que rendia relativamente bem, imagino esse motor com injeção eletrônica..., mas você pode dizer 25KM/L? ele mentiu? Não, números de fabrica são sempre otimistas, inclusive nas multinacionais....
  Em outubro de 1988 na linha 1990 nada muda, mas no ano seguinte a situação complica o governo mudo o imposto e estende o benefício fiscal para os 1000 ou 1.nada(zero atrás do ponto é nada) e aí é o começo do fim da Gurgel, a Fiat lança o Uno Mille e também ainda os primeiros importados começavam a chegar ao país, onde os utilitários da Gurgel começavam a ter vida complicada, em outubro de 1991 na linha 1992 nada muda, mas em março de 1992 ele mudava, ser o Supermini BR-SL, ele ganhava alterações como nova grade dianteira, faróis , para - choques e lanterna, o comprimento e altura eram mantidos, a largura passava a 1.50metros e o entre - eixos a 2metros, ainda pequeno, mas houve aumento, no câmbio nada muda e o motor Gurgel Enetron de dois cilindros Boxer ganhava alterações como correia em V e do Alternador e agora passava a gerar 6.6KGFMa2500RPM e 36CVa5500RPM, o câmbio continua o mesmo, assim como suspensão, freios e direção.
O Supermini BR chegava ao mercado o motor 0.8 passava a 36CV.
Em outubro de 1992 na linha 1993 nada muda, em novembro de 1992 ele foi testado: 0a100KM/H em 35.2segundos, velocidade máxima de 112KM/H, consumo urbano de 12.3KM/L e no consumo rodoviário uma baita decepção:14.8KM/L vazio e 14.4KM/L carregado, mas em julho de 1993 a Gurgel entra em concordata e em 1994 ela entra em falência e depois a marca nunca foi salva e com isso muitos proprietários de BR 800 sofrem com falta de peças e muitos deles estão sobrevivendo com o Volkswagen 1600 refrigerado á ár.... o que é uma tristeza.
COMO SERIA O SUPERMINI HOJE?
Bem eu imagino que ganharia um novo chassi, mas ele ganharia injeção eletrônica e talvez passaria dos 40CV e talvez até algo mais radical, uma suspensão independente na traseira, mas é algo para os sonhos, ao contrário da primeira parte e esse artigo também tem terceira parte.
JOÃO AUGUSTO CONRADO DO AMARAL GURGEL
Olha você nunca viu a história de alguém, mas sou obrigado a citar a história desse homem, por que? na história do Fusca(que incluiu o X12,X15 e XEF) não daria para fazer, afinal usavam como base o Fusca, o Carajás apesar de base própria usava o AP 1800, então só resta o BR 800 que usava mecânica projetada e fabricada pela própria Gurgel, João Augusto Conrado do Amaral Gurgel nasceu no dia 26 de março de 1926, bem nessa época só a Ford e a GM atuavam no Brasil em operações CKD a primeira em 1919 e a segunda em 1925, só em 1939 eclodia a segunda guerra mundial e lógico o Brasil dependente dos outros no setor automotivo ficava na "mão" afinal os que fabricavam alguma coisa estavam em guerra na época, talvez percebendo isso, em 1949 o professor pede para fazer um projeto de guindaste aí ele faz um carro compacto de dois cilindros e o professor quase o reprova e diz " João, carro no Brasil não se fabrica se compra" e aí ele fez o guindaste, só que eu acho que esse professor errou feio, por que em 1956 a Vemag já começava fabricar a Vemaguet no Brasil, depois de formado engenheiro trabalhou na GM brasileira, na GM americana, na Ford americana e na Ford brasileira, ele chegou a mostrar nas duas a ideia de um carro compacto no Brasil, mas ambas não quiseram, disseram que no Brasil era só viável fabricar picapes e caminhões.
Pois bem, em 1969 a GM começava fabricar o primeiro carro de passeio que é o Opala e em 1973 chegava o Chevette e na Ford fabricar o Galaxie em 1967 e no mesmo ano pegava a "bandeja" da Willys que vinha o projeto M do qual viria a ser o Corcel e a Ford viveu dele durante 30 anos(plataforma foi usada na Pampa até 1997 e o motor CHT foi usado até 1996) e então estava certo.
Mas voltando ao Gurgel, em 1965 ele começa fabricar carros para crianças ,no caso mini Karmann-guia e Mustang atrás de uma revenda Volkswagen que ele abriu e ganhou dinheiro com isso, só que ele tinha bons contatos com a Volkswagen brasileira da época e como no Salão de 1966 a VW não tinha nada para apresentar, o presidente da Volkswagen fez o seguinte "Você faz algo o público gostar , lhe forneço chassi, motor e câmbio", lembrando que estrela daquele salão foi o Ford Galaxie e Gurgel foi lá e mostrou o Ipanema que era um Buggy e aí ele ganhou o fornecimento de chassi, motor e câmbio da Volkswagen e segundo o irmão dele, ganhava dinheiro com a revenda VW.
Em outubro de 1969 ele lançava o X10 e em 1971 lançava o X12 que virava o seu maior sucesso de vendas, graças a valentia fora de estrada o exclusivo sistema selectration que funcionava como bloqueio de diferencial, inclusive só passava em terrenos onde 4x4 passavam, em 1974 diante da crise do petróleo apresentou o Itaipu que era movido a eletricidade, primeiro um hacht, mas as baterias era muito fracas e depois virou uma Van, mas acabou não vingando a Van virou a G800 que tinha versão picape também e a versão X15 e mesmo a concorrência com a Kombi, a VW não se incomodou e em 1975 ele instala a fabrica em Rio Claro - SP e o terreno que ele ganhou ele não quis, ele queria outro as margens da BR, onde ficaria o logo da Gurgel que todos vissem, hoje só tem o esqueleto, nos anos 1980 ela entra como a quinta maior fabricante atrás apenas das quatro grandes da época e á frente dos outros fabricantes nacionais, vale lembrar que a Puma atravessou problemas aquela década, a Miura era de nicho também e havia a Hoffstetter, mas em 1986 ele lança o utilitário esportivo Carajás com um esquema da tubo de torque que substituía o cardã e dava muito problema ainda usava motores Volkswagen, mas a relação com a Volkswagen ficava complicada por que o X12 fez tanto sucesso no caribe que enterrou a produção do VW 181 no México, que os mexicanos chamam de "Acapulco", ele está na matéria do Fusca, assim com os modelos X12,X15 e G800.
Então ele partiu para usa maior ousadia: o carro popular, de motor de projeto próprio que seria o BR 800 e chegou ter conseguir um incentivo fiscal, mas você sabe entrou os anos 1990 e a Gurgel rumo a falência, lógico que havia limitações, mas fabrica não tem os recursos das multinacionais, e em aí 1994 entrou em falência, mas você pode dizer " O Governo, não tem obrigação de salva empresa falida", tudo bem, mas nos EUA em 2008 salvaram a GM e a Chrsyler(essa caiu nas mãos da Fiat).
Outra coisa você pode dizer "Mas isso é só para o primeiro mundo, os países de terceiro mundo tem que viver nas multinacionais, mesmo" bom você sabe da onde é a Hyundai e a Kia e além delas tem Tata Indiana(dona da Jaguar), sem contar algumas marcas que caíram nas mãos de outras marcas( Dacia da Romênia nas mãos da Renault, Daewoo da Coréia do Sul e que hoje se chama Chevrolet Coreia do sul, bom é de primeiro mundo, mas vou incluir também: Holden da Austrália), bom em 1997 ele teve Alzheimer e esqueceu tudo o que fez e deixou de fazer e passou a ser cuidado pela filha, longe de mim, defender doenças, mas no caso do Gurgel foi melhor isso: já imaginou o remorso que daria nele, vê sua fabricar ruir, vê que hoje só um "esqueleto" em Rio Claro? muito difícil e bem difícil e ele conviveu com isso doze anos até que janeiro de 2009 ele morreu.
FRASES DE JOÃO GURGEL
"A minha fábrica não é uma multinacional é muito nacional"
Você pode alegar "Ah, mas começou usando peças da VW...", mas e daí? tenho algo para lhe informar, a Toyota começou copiando o famoso seis cilindros em linha da Chevrolet(inclusive o ronco), a Hyundai começou com motores Mitsubishi e até hoje usa na HR e por aí vai, mas mesmo assim ainda é muito nacional, a VW nunca fabricou o 181 por aqui, o que deixou o caminho livre para o X12, o Carajás era menor que a Veraneio o que parecia ser mais prático, apesar os problemas.
"Peça que não quebra, é aquela que não entra"
Bom você já ouviu falar: "Air Bag para arrumar é caro, ABS também..." bom eles não vão quebrar se não entrarem, quando veio a injeção eletrônica no Gol GTi, o Gol GTi custava 50% a mais que o GTS, tudo bem que exista a diferença do AP 2000 e AP 1800S no GTS, mas de qualquer forma 50% a mais é um dinheiro do caramba "Ah, isso não vai dar certo é blá,blá", só que em 1992 a GM adotado injeção eletrônica para Monza e Kadett e para se ter uma ideia até a Kombi aderiu em 1999 e ficou até o final da carreira, lembrando que em 1999 ela ainda usava o motor refrigerado á ar, o motor V8 da GM americana que é usado no Camaro vendido aqui no Brasil por exemplo, hoje 80% dos V8 são de 32 válvulas e duplo comando de válvulas no cabeçote, o Camaro usa apenas 16 válvulas e varetas e como curiosidade, até o produto mais sofisticado da Gurgel era simples: o Carajás que usava o AP 1800 e o BR 800 que usava motor próprio dispensava correias! peça que não quebra é aquela que não entra..., ou seja quando se tem mais uma peça, é a quebra.
O SONHO ACABOU?
Ninguém aqui é xenófobo, mas todo mundo sabe que até países como Índia e Malásia tem indústria automotiva própria e se analisar a própria Hyundai nasceu na mesma época da Gurgel, o sonho existe, mas falta é dinheiro para realizar, lembrando que houve até estatal a FNM, mas o governo nunca dava bola e fez a primeira privatização em 1967 vendida a Alfa Romeo e depois a Fiat acabou comprando a Alfa Romeo brasileira e a Puma que estava no caminho de se tornar "Porsche brasileira" teve problemas internos e ainda os Kits exportado para os EUA foram devolvidos para o Brasil e se contar que acabou passando de mão e mão, bom ao menos temos a Troller, mas caiu na mão da Ford, mas você pode chorar "Ah, mas agora é americana", nada disso: a Dacia da Romênia é francesa? Não(pertence a Renault) e a Jaguar é Indiana? Não, então a Troller tem a mesma coisa. lógico que Gurgel foi mais longe, inclusive projetando motor próprio, algo que os outros não fizeram e o próprio ex-presidente da Embraer disse que diziam para ele "Os aviões de Embraer não vão voar". sempre tem a turma do amendoim..... e hoje o que eles dizem? bem lamento que eles não tem nada a dizer, inclusive eu vi um de perto no meu curso do Senai quando visitei o laboratório, o sonho continua vivo, mas apenas em nossas mentes, mas falta é o dinheiro.


 


Comentários

  1. Gurgel não passou de um sonho infantil, trocentos problemas de qualidade, falta de peças, falta de dinheiro em caixa... E esse BR-800 era um pequeno [grande] lixo, só tinha de bom o consumo mesmo.

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  2. Falta de peças no caso depois da falência, eu acho que qualquer empresa falida é difícil achar peças, a Gurgel teve vários problemas sim, mas agora dizer que é um lixo, sim tinha limitações, mas qual carro que não tem? sobre problemas de qualidade isso não é exclusividade da Gurgel.

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  3. Na verdade, mesmo quando estava na ativa ainda. A parte em comum com os VWs a época não, mas peças exclusivas já eram dificeis de achar mesmo naquele tempo. Basta lembrar que tinham uma produção pequena [limitada], imagine como sustentavam o mercado de peças.

    Sobre ser um lixo, de fato o era. Publicações do período já demonstravam a baixa qualidade do BR-800. Não lembro se foi ele ou o Supermini, mas ouve um caso onde um deles teve o teste de longa duração da 4R encerrado prematuramente, deu trocentos defeitos e numa parte do teste ele quebrou. Tipo, quebrou literalmente, rachou a fibra e eles resolveram encerrar o teste temendo o pior.

    Sobre os problemas de qualidade, não, não eram exclusivos da Gurgel, mas todo mundo esquece que ela os tinha, apesar de que não deixam de falar da plataforma do Gol e dos cambios da Fiat.

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    1. Sim, o desmonte de 60000KM do Supermini, eles mesmo achavam difícil ele chegar aos 60000KM, mas eles falaram: a falência da Gurgel foi decisiva para ele ir mal e isso eu li na matéria. aliás eu jamais esqueci problemas de qualidade de projeto, querendo ou não Fiat e VW tem bem mais recursos que a Gurgel. e lógico não "esquecimento" é um fato, agora se você dizer que um X12 é ruim, você está exagerando, até hoje um dos fora de estrada mais elogiados por aí. então querer criticar só por criticar não dá.

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    2. O X12 era um misto de Gurgel com VW, deu sorte. Mas os citadinos dela foram um fracasso, e esses foram Gurgeis "de verdade". Gurgel deveria ter se mantido como uma fábrica de "bugres", fazendo seus chassis e usando mecânica VW, é um belo caso de "passo maior que a perna".

      A VW não sei, mas a Fiat sofreu por décadas com relação a fornecedores, principalmente porque trazia motores da Argentina, de qualidade mais baixa que os nacionais...

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    3. Sobre os motores argentinos, só ouço reclamações do Tempra, mas do Uno 1.6 é só a questão da marcha lenta que até o Tipo 1.6 italiano sofre....

      Sobre o citadino, ele teve apenas 4 anos para se firmar e sobre fabricar "bugres" e jipe é uma coisa complicada de dizer, é a famosa "receita de bolo pronta". então é muito cuidado para definir isso.

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