SCANIA SÉRIE 2 E 3: O "PALETÓ" MAIS POTENTE DO PAÍS

                          

MESMO COM APELIDO NA VERSÃO V8 SE TORNOU O CAMINHÃO MAIS POTENTE DO PAÍS.

Se no mercado geral de caminhões era a Mercedes-Benz que ditava a "regra 1113"(em tempo nada contra ele, em breve terá matéria histórica por aqui), no mundo dos pesados quem ditava as  regras era a Scania.

  Dá para dizer que é a famosa "Regra Jacaré"   , afinal os "Fenemês" e as "Terezonas"(da Mercedes-Benz não lhe faziam frente, mas a chegada da Volvo ao mercado muda tudo com o seu modelo 

   Afinal o novo Volvo N10 e mais tarde N12 eram caminhões modernos e aí entra a situação: a renovação era urgente, já que o "Jacaré" estava com 24 anos de entrada e se contar o período que era importado era quase 30 anos!, então a mudança se fez necessária e ela ocorreu em Julho de 1981.

A CHEGADA DO MODELO T se dá em julho de 1981, a cabine era moderna desenhada pelo estúdio Giugiaro, tinha cabine simples e leito, duas opções de câmbio: manual de cinco ou de dez marchas(era o famoso "split"), o modelo T chegou nos 112 M, H e E, sendo o E o modelo 6x4, havia o 6x2 e o 4x2 que se tornou a configuração mais vendida naquela época, já nos motores ela herdava o seis cilindros de DS 11 litros á diesel herdado do antecessor L111 com bloco e cabeçote de ferro, comando de válvulas no bloco acionado por varetas, bomba injetora de atuação direta e mecânica, o seu diâmetro era de 127mm e o curso era de 145mm o que totalizavam 11.020cm3, a sua taxa de compressão era de 16:1 para o motor aspirado e 15:00 para o turbo, o modelo aspirado gerava 77KGFM a 1200RPM e 203CV a 2200RPM e a versão Turbo que tinha o "S" na grade dianteira gerava 111KGFM a 1400RPM e 296CV a 2200RPM que foi herança da antecessora e com isso o apelido de "Paletó", pelos caminhoneiros por herdar o conjunto mecânico do L111. A sua suspensão era eixo rígido com feixe de molas nos dois eixos, os freios são a tambor nas quatro rodas e ela tinha dois tanques de combustível de 385 litros o que dava um total de 770 litros.

O Scania T112 chegava ao mercado com motor seis cilindros de 11 litros com 203CV e a versão Turbo com 296CV.


A CHEGADA DO MODELO R SE DÁ em outubro de 1981 como linha 1982 era o modelo "cara-chata" que era o sucessor do antigo LK , a Scania não abriria mão de ter o caminhão nacional mais potente, era os modelos R112 e R142 V8, antes vou falar do primeiro o R112 usava o mesmo seis cilindros de 11 litros do T112 na versão aspirada era rigorosamente igual, já no modelo turbo ele estreava nova calibração com 126KGFM a 1300RPM e 305 CV a 2000RPM com melhorias na bomba injetora melhorias também estendidas ao T112 e  por último o R142 que herdou o Scania DS14V8, o motor óbvio V8 tem 14 litros, bloco e cabeçote de ferro, comando de válvulas no bloco acionado por varetas, o seu diâmetro é de 127mm e o curso é de 140mm o que totalizavam 14.200cm3, a sua taxa de compressão é de 16:1, com turbo e intercooler, dotado de bomba injetora de atuação direta ele gerava e com isso gerava 151KGFM a 1300RPM e 375CV a 2000RPM, o câmbio, o tanque de combustível e os freios continuavam igual, ao menos a marca não abria mão de ter o caminhão mais potente do país.

O R112 estreava com motor seis cilindros de 11 litros aspirado do T 112 e a versão Turbo calibrada para 305CV, mais tarde ganhava intercooler e 333CV.

O Scania R142 V8 chegava ao mercado com motor V8 14 litros turbo diesel de 375CV 

  Deu para ver que o "Paletó" podia se aplicar também ao V8 já que herdava o motor LK 141, mas voltando os caminhões o curioso é que a cabine T sempre foi a mais vendida dessa família, outra inovação foi o fim da "ditadura do laranja", afinal podia escolher várias opções de cores e combinações.
   Em outubro de 1982 na linha 1983 o motor V8 chega a cabine T, ou seja pela primeira vez podia se comprar um "bicudo" V8, já que antes de 1975 até 1979 só podia comprar o "bicudo seis bocas" e ou "V8 cara-chata" e em 1979 só LK tinha direto a opção de seis cilindros ou V8, deu para ver que a nova cabine abriu mais possibilidades a Scania, pena que o apedrejado diferencial continuou no V8. Em outubro de 1983 na linha 1984 nada muda. Em março de 1984 a Scania estreia o Intercooler para o seu motor seis cilindros em linha 11 litros turbo e com isso passou a gerar 142KGFM a 1250RPM e 333CV a 2000RPM, ele manteve a taxa de compressão de 15:1. Em outubro de 1984 na linha 1985 duas  novidades, a primeira era o motor á álcool, mas esse é tão raro que não tem dados técnicos e a segunda é o V8 ficando mais potente passando a gerar 161KGFM a 1300RPM e 388CV a 2000RPM mantendo sua condição de caminhão mais potente do país tanto para o T 142 como para o R 142.

O T 142  com o mesmo motor do R 142 : o V8 14 litros turbo diesel de 375CV, mais tarde foi a 388CV e 400CV com adoção do intercooler melhorias adotadas no R142.

Em outubro de 1985 na linha 1986 nada muda, em outubro de 1986 na linha 1987 nada muda e em março o motor V8 de 14 litros do T/R 142 ganha a opção do Intercooler que quem inaugurou no país foi o próprio Scania seis cilindros, a Volvo só teria um ano depois e a Mercedes-Benz só em 1988!, voltando ao Scania V8 agora com o Intercooler ele gerava 169KGFM a 1200RPM e 400CV a 2000RPM e com isso e tornou o primeiro caminhão nacional a alcançar a marca dos 400CV, Mercedes-Benz e Volvo só conseguiriam esse marca na década seguinte. Em outubro de 1987 na linha 1988 nada muda.

 Em outubro de 1988 na linha 1989 veio o aumento de potência eram os modelos HW e EW, esse último no caso era 6x4, o resto era 4x2 e 6x2, a Scania fez alterações nos motores, especialmente os turbinados, o seis cilindros de 11 litros e 203CV continuava sem alterações, já o seis cilindros de 11 litros turbo passou a ter duas calibrações diferentes, a primeira gerava 135.6KGFM a 1100RPM e 303CV a 2000RPM e a segunda calibração gerava 136.1KGFM a 1100RPM e 310CV a 2000RPM, o seis cilindros de 11 litros turbo e com intercooler também tinha duas calibrações a primeira com 161.6KGFM a 1050RPM e 353CV a 2000RPM e a segunda opção passou a gerar 162.1KGFM a 1050RPM e 363CV a 2000RPM e por último o V8 de 14 litros e agora apenas Intercooler que gerava 169.8KGFM a 1200RPM e 411CV a 2000RPM ou seja o passado de "Paletó" começa a ficar no retrovisor, ainda que a base de motores foi herdada dos antecessores com modificações e eram os modelos T 112, R112, T142 e R142, o bicudo era o T e o R era o "cara-chata", já na especificações o T/R 112 aspirados não estavam escrito nada na frente, o T/R 112 turbo de 303CV estava escrito apenas "S" na dianteira como foi a sua designação, o T/R 112 de 310CV estava "310" na dianteira, o T/R 112 de 353CV estava escrito apenas "Intercooler", o T/R 112 de 363CV estava "360" e "Intercooler" sendo o último acima e o T/R 142 estava escrito "410" "Intercooler" nas mesmas posições e o "V8" do outro lado, assim a Scania mantinha a posição de caminhão nacional mais potente(aliás considerando o mercado fechado da época, dá para dizer que é o caminhão mais potente do país a seu tempo).

A Scania HW chegava ao mercado nesse caso é uma T112 com os motores seis cilindros de 11 litros com 203CV, seis cilindros de 11 litros turbo com 303CV, seis cilindros 11 litros turbo com 310CV(modelo da foto), seis cilindros 11 litros turbo e intercooler 353CV e o seis cilindros 11 litros  turbo intercooler com 363CV disponível também para a cabine R.

O T142HW rompia a barreira dos 400CV com seus 411CV vindo do V8 14 litros turbo e intercooler.


O R142 HW com os mesmo motor já citado no T 142.

O Curioso que a cabine era fornecida pela Brasinca que fazia também para a Volvo, outra curiosidade ao mesmo tempo que a Scania tinha o caminhão nacional mais potente tinha cavalo-mecânico menos potente com o modelo de entrada aspirado, mas as vendas estão muito baixas a ponto de ser 0 unidades no último ano , em outubro de 1989 na linha 1990 nada muda, em outubro de 1990 na linha 1991 nada muda.

A CHEGADA DA SÉRIE 3 se dá em outubro de 1991 como linha 1992, nessa geração marcou o fim do motor aspirado da marca depois de anos na linha de produção, agora apenas os motores turbinados, o seis cilindros de 11 litros turbo sem intercooler passava a ser o modelo  de entrada com 136KGFM a 1100RPM e 310CV a 2000RPM foi herdado do antigos T/R 112 HW, a versão dotada de intercooler desse motor continua com duas calibrações de potência, mas agora eram diferentes, a primeira gerava 144KGFM a 1100RPM e 320CV a 2000RPM e a segunda opção gerava 162KGFM a 1050RPM e 363CV a 2000RPM foi herdado do HW e esse eram os modelos T/R 112 Intercooler e por último o V8 14 litros dotado de turbo e intercooler foi calibrado para gerar 195KGFM a 1150RPM e 450CV a 1900RPM deixando 40CV de vantagem sobre o Mercedes-Benz 1941 e 50CV sobre o Volvo NL12 400 que mais tarde se tornava 410, agora era 113H/143H para os modelos 4x2 e 6x2 e 113/143 E para os modelos 6x4 e as cabines continuavam T e R, no caso os equipados com motor sem intercooler estavam com o "310" na dianteira, os equipados com Intercooler se fosse 320CV estava com o "320" e o com 363CV estava "360" aliás configuração mais vendida da época e o V8 estava "V8" de um lado e "450" do outro. Aliás a própria Série 2 foi o primeiro caminhão nacional a estrear a suspensão de cabine e isso foi levado ao Série 3, voltando a potência de qualquer forma a Volvo só superaria essa potência na década seguinte com os NH/FH 12 460 e a Mercedes-Benz só superaria essa potência quase duas décadas seguintes com o Actros. O Curioso foi o motor aspirado que teve zero unidades vendidas, isso mesmo eu disse: zero e com isso não restava outra opção: o adeus. No câmbio apena o manual de 10 marchas, nos tanques opções, podia ser um de 300 litros um de 400 litros, um de 300 e outro de 400 totalizando 700 litros e dois de 400 litros totalizando 800 litros.

A Série 3 chegava ao mercado esse era o T113 com motores seis cilindros de 11 litros turbo de 310 e a versões com intercooler desse motor com 320CV e 360CV, o motor aspirado dava adeus

A R113 com o mesmo motor do T113.

O Scania T 143 com motor V8 14 litros turbo e intercooler com 450CV.

O R143 com mesmo motor V8 do T143.

 Os tempos mudaram quando a Série 2 foi lançada as importações eram proibidas, no lançamento da Série 3 as importações passaram a ser liberada e ainda veio Mercosul que liberou caminhões e ônibus argentinos. Durante toda a década de 1980 o Scania R foi o único caminhão extrapesado de cabine avançada ou "cara-chata", mas a década de 1990 veio e com ela mudanças. Em outubro de 1992 na linha 1993 nada muda, em outubro de 1993 na linha 1994 chega a série especial Topline que trouxe novo-parachoque e outros detalhes, em outubro de 1994 na linha 1995 a Scania troca as rodas raiadas pelas disco , afinal a Scania usava esse tipo de roda desde os "Jacaré" no Brasil, mas a marca se rendeu ao disco.

A CHEGADA DO "SCANINHA" se dá em setembro de 1995 na linha 1996 era o P93H,  afinal fazia um bom tempo que o brasileiro não vi um Scania chassi rígido, a não ser lógico para o corpo de bombeiros por exemplo, a P93H coloca a Scania nos semi-pesados, sempre na configuração 6x2, o câmbio era o manual de oito marchas, nos irmãos maiores eram 10 marchas, sendo cinco alta e cinco reduzidas, aqui eram quatro alta e quatro reduzidas, importada Argentina, o caminhão tinha o motor seis cilindros em linha de 8.9 litros chamada de DCS09 com bloco e cabeçote de ferro, comando de válvulas no bloco acionado por varetas,turbo, intercooler e bomba injetora de atuação direta  o seu diâmetro é de 115mm e o curso é de 145mm o que totalizavam 8870cm3, infelizmente não tem a taxa de compressão e com isso gerava 101KGFM a 1200RPM e 252CV a 2200RPM realmente no seu tempo era o caminhão semi-pesado mais potente do país. O seu tanque era de 300 litros, na Argentina ele a opção de cavalo-mecânico 4x2, aqui para o Brasil só veio o 6x2.

O P93H chegava ao mercado com motor seis cilindros 9 litros turbo e intercooler de 250CV.

 Em outubro de 1996 na linha 1997 uma péssima notícia para os fãs do motor V8: A Scania encerrar a produção dos caminhões com motor V8 no Brasil, já que a demanda estava muito baixa segundo a marca e assim a Scania abria mão de ter o caminhão nacional mais potente por um certo tempo. Em outubro de 1997 na linha 1998 nada muda e em agosto de 1998 na linha 1999 ela dá o  seu adeus.


 Esse artigo dá para dividir em dois, a Série 2 ganhou o apelido de "paletó" por herdar motores do 111 e do LK 141 V8(no caso), mas continuava "ditando regras" nos pesados, viu o adeus do motor aspirado depois de vender zero unidades, viu a estreia do Intercooler nos caminhões nacionais. Já Série 3 ganhou um semi-pesado, o P93 que foi apelidado de "Scaninha" viu o fim do motor V8(que só voltaria a Série 4), mas ambos trouxeram inovações com suspensão de cabine por exemplo. Na versão V8 não deixa de ser o "Paletó" mais potente do país e durante a vigência do motor V8 nessa geração(1981-1996) sempre foi o caminhão mais potente do país.  Muitos desses estão na batalha até hoje.





    

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