ESTRELA APAGADA: MERCEDES-BENZ DESISTE DE FABRICAR CLASSE X NA ARGENTINA

MAIS UMA BOMBA: MERCEDES-BENZ ANUNCIA QUE NÃO VAI MAIS FABRICAR  CLASSE X NA ARGENTINA 

Vou repetir aqui: nunca fui afeito ao termo "Bomba", a não ser carros com fama disso e nunca matéria histórica dele. etc...).

Mas esse ano de 2019 é o anos das "Bombas" nos noticiários automotivos, a primeira foi em fevereiro com o  com o fechamento da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo-SP    , mas essa pode ter um final melhor se confirmar a compra pela CAOA.

   Agora a Bomba é em relação a Classe X, uma estrela apagada, mas por que apagada? o carro é ruim? longe disso. A Mercedes-Benz anunciou que não vai mais produzir a Classe X na fábrica de Santa Isabel foi fruto de um projeto ambicioso que envolvia a Nissan Frontier que já está sendo fabricada e a Renault Alaskan, só que essa última está em "banho maria".

    Ou seja se alguém queria uma picape da "estrela de três pontas" no Brasil, não vai ter, por que o único lugar onde ela é fabricada é na Espanha e é inviável importar para o Brasil, afinal vai acabar custando o preço da Dodge Ram e eu até comentei que ela seria a "ponte" entre os automóveis e os caminhões, mesmo que tenha forte sangue japonês. No mercado argentino vão vender o modelo espanhol, mesmo mais caro.

   A explicação oficial da Mercedes-Benz: A Crise na Argentina, ou seja crise é desculpa para tudo, mas andei vendo no site  No autoblog argentina tem uma entrevista com executivo que participou desde o início do projeto e ele não quis se identificar, então vamos colocar aqui o que ele falou.

     Problemas sempre houve no projeto, mas a verdadeira crise começou em maio ou junho de 2018, A desvalorização do peso argentino não foi o único fator a complicar a situação, a Nissan ia cobrar US$26.000 por cada Classe X produzida, mas aí de repente foi a US$35.000 sem explicar o motivo. 

   Vou colocar entre parenteses: "barracos" em alianças automotivas sempre ocorreram e esse não é o primeiro e nem o último, a novidade é que houve mudança do "dia para noite" segundo esse  executivo.

     Voltando ao executivo, eles reclamaram em todos os lugares: Argentina, Alemanha, Japão, Brasil e França, o executivo lamenta ter anunciado o lançamento sem ter tudo acordado, e vale lembrar que os US$26.000 é pelo custo de produção sem impostos, já que a Nissan seria o provedor da Picape e aí quando veio os US$35.000 se assustaram, de início acharam que é parte de negociação, podendo ir a US$28.000 ou US$30.000 e aí dava para seguir adiante e vendendo bem menos unidades, (cobrando mais caro pelo modelo no caso), mas US$35.000 é inviável, vale mais apena importar da Espanha com frete e impostos e até mesmo câmbio desfavorável.

     Vou colocar outro parenteses meu aqui: negociação sempre há, se a Mercedes-Benz ia ficar com 70% da produção, por que não baixar para os US$30.000? ou explicar o por que dos US$35.000? para o mercado argentino ainda fica viável importar da Espanha, já para o mercado brasileiro: não. vem os 35% do Imposto de Importação, IPI , frete o dólar batendo nos R$4.00.

     Voltando ao executivo de novo: O conflito visto na América do Sul, não se reproduziu na Espanha, afinal lá o mercado de picapes é simbólico e o grosso do mercado de picapes médias está na América Latina, África do Sul,  Austrália e Sudeste Asiático(Tailândia,diga-se), inclusive a própria Classe X argentina seria exportada para grande quantidade de países além do Brasil, até o cara do autoblog argentina pergunta por que a Mercedes-Benz não desenvolveu sua própria picape média e fez ela na fábrica onde é feita a Sprinter e era feita o Vito esses tempos atrás(calma, ainda tem estoque dele no Brasil). Aí o executivo responde: foi decisão da matriz Alemã e do Japão, na época em 2010 foi firmado um acordo de cooperação técnica entre aliança Renault-Nissan e a Daimler(dona da Mercedes-Benz), só que aconteceu: Carlos Ghosn e Dieter Zetsche, o primeiro esteve preso e está com problemas legais no Japão e o segundo se encontra aposentado.


       Vou abrir o meu parenteses: sim é verdade, o mercado de picapes médias na Europa é tão simbólico que justamente a Classe X,a Nissan Frontier e a Renault Alaskan as três feitas na fábrica espanhola são as únicas picapes médias feitas na União Européia, enquanto Ford Ranger, Mitsubishi L200, Isuzu D-Max(parente da nossa S10) vem da Tailândia, o Grosso mesmo é América Latina, Àfrica do Sul, Austrália e Tailândia, se o Carlos Ghosn fez sonegação de impostos, isso eu não sei, ele diz que não e que isso é uma armação de outras pessoas da Nissan para rifar ele da aliança como acabou acontecendo, ele  arrumou mais um argumento: Queriam rifar ele para cobrar mais caro pela produção da Classe X, agora se ele sonegou, ou foi armação, foi foi as duas coisas eu não sei. Eu particularmente acredito que ele teria mais habilidade de resolver isso, sem dúvidas, se estive em situação normal e solto.

      Voltamos ao executivo:  A Mercedes-Benz perdeu muito dinheiro infelizmente e pode perder ainda mais, Nissan investiu US$600.000.000 para a fábrica e perde o principal cliente: a Mercedes-Benz, por isso foi um ano negociando e insistiram nos US$35.000 por unidades produzidas e deu no que deu, eles até chegaram a pensar que a chegada da Mitsubishi teria haver com tudo isso, simplesmente por que é outra marca especialista em picape e que querem colocar a L200 com base da Frontier no lugar.

      Vou colocar, sinceramente como eu disse jogo de cintura, o Ghosn podia ter mais habilidade como eu citei, mas se  fosse acontecer na gestão dele, ia estourar no colo dela, sobre  a chegada Mitsubishi tem mais haver com o lance dos Kei-Car no Japão e a Mitsubishi qualquer uma sabe: está bem longe dos "dias de glória", especialmente na parte automotiva, então aliança com a Renault-Nissan vinha a calhar. E outra se queriam rifar ele, deveria deixar isso acontecer no colo dele e poderiam já rifar ele por causa disso. A L200 com base da Nova Frontier seria tecnicamente viável em Santa Isabel, mas mercadologicamente no Brasil teria que fazer um acordo com o grupo Souza Ramos, afinal esse faz os Mitsubishi no Brasil e a L200 atual é feita em Catalão-Goiás. 

         Aqui acabou o executivo, sobre o comunicado oficial da Mercedes-Benz, a Nissan já anunciou que vai ajustar a produção e vai buscar mais mercados já que o foco era Brasil e Argentina, poderá ir além, a Renault não fez anuncio oficial, mas ao menos em tese pode começar a "deixar o banho maria" e ir no "fogo normal" até o lançamento.  Já no exterior a Mercedes-Benz já fala em romper a aliança técnica com a Renault-Nissan, vamos aguardar os próximos capítulos.

 
       A Classe X está morta e enterrada antes de nascer e é uma estrela que não brilhou, uma estrela apagada.

Comentários